Crucificada sob o “madeiro da Cruz” em ato de redenção, a figura Cristológica e o episódio da sua respetiva “Crucificação” constituem duas das componentes iconográficas mais abordadas e interpretadas na Arte Sacra global e nacional.
Em diferentes formatos, épocas e geografias as vertentes dramática, plástica, cenográfica e salvífica da “Crucificação simbólica” e do “Drama do Calvário” serviram de ponto de partida para artistas individuais e “corporações artísticas” definirem estilos, cânones e tipos representativos em consonância com as diretivas cultuais, estéticas e mentais da sua cronologia de produção. Mas, acima de tudo, fomentaram a conversão, a “educação visual” dos fiéis, a multiplicação da fé cristã e, inclusive, a própria comoção do seu observador ao contemplar e refletir sobre dois momentos / aspetos distintos patentes na iconografia da Crucificação:
1. A dureza física do suplício registado, replicado, com maior ou menor realismo pela arte.
2. O ascetismo implícito do ato salvífico do sacrifício de Cristo em prol da redenção da Humanidade.
Assim sendo, foi também esta a duplicidade reflexiva (de Material & Imaterial, de Conceito & Forma, de Culto & Arte), que marcou todo o percurso existencial da Coleção de Cruzes, Crucifixos e representações iconográficas de Cristo Crucificado que integram o património religioso do Museu de Santa Maria de Lamas, desde a retirada da sua função pristina até à sua devida incorporação e exposição neste complexo museológico, “patrocinada” por Henrique Amorim (1902 - 1977), a partir dos anos (19)50.
É nesta subcoleção do acervo de Arte Sacra do MSML que a exposição temática "Lignum Vitae" (A "Árvore da Vida / Árvore da Cruz") se centra, tendo como evidência estética e artística uma seleção de elementos de Imaginária religiosa de vulto pleno. Relevando Cruzes, Crucifixos e representações de Cristo crucificado de formatos e diretrizes estéticas distintas entre si, expondo visualmente alguns dos caracteres morfológicos e plásticos que demarcam a Iconografia Cristológica na escultura portuguesa de seiscentos e setecentos (de sécs. XVII e XVIII).
Marcação prévia para visitas orientadas.